Jovem, de 17 anos, foi internado em 2 de agosto de 2022 e morreu horas depois no mesmo dia. Polícia Civil afirma que caso ainda está em investigação.
Família de jovem que morreu em clínica psiquiátrica busca explicações em Brasília — Foto: Reprodução/TV Globo
Após um ano, a família de um adolescente que morreu em uma clínica psiquiátrica do Distrito Federal ainda buscas respostas. O jovem, de 17 anos, foi internado na clínica Verse-In, em Sobradinho, no Núcleo Rural Lago Oeste, no dia 2 de agosto de 2022. Algumas horas depois, no mesmo dia, o adolescente morreu.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) afirma que o caso ainda está em investigação. O Ministério Público do DF (MPDF) acompanha a atuação da polícia.
A clínica diz que “as acusações são injustas” e que o laudo preliminar do IML afasta qualquer responsabilidade dos médicos sobre o óbito.
De acordo com o boletim de ocorrência, o jovem foi internado por volta das 11h da manhã e, depois de um tempo, começou a apresentar sintomas de overdose. Dois agentes da 35ª DP, de Sobradinho, foram informados de que o adolescente era usuário de drogas e que na noite anterior havia feito uso de diferentes substâncias como cocaína, metilfenidato, solventes, álcool, benzodiazepínicos e uma garrafa de gin.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML), que trouxe o resultado dos exames de alcoolemia e toxicológicos, deu positivo para etano e negativo para as demais substâncias.
A dosagem alcoólica apontada foi de 0,21 gramas de álcool por litro de sangue. Na lista de entorpecentes que não foram encontrados no corpo do adolescente estão: benzodiazepínico, cocaína, maconha, metanfetamina e opióides.
Já o prontuário da clínica diz que o paciente encontrava-se “agitado, agressivo e retirou do bolso um tubo de cocaína e fez uso da dose por via inalatória”. O documento ainda afirma que foi indicada a contenção por três funcionários da equipe e o uso de quatro tipos de medicação.
“Quando foi observado ausência de pulso, foi iniciada a massagem cardíaca e foi chamado o Samu”, diz o prontuário.
A causa da morte, segundo o laudo do IML, foi edema e hemorragia pulmonares.
Versão da família
Mãe de jovem que morreu em clínica psiquiátrica conta como foi avisada da morte do filho.
A família do jovem conta que ao entrar na clínica o adolescente foi contido de forma agressiva. Antes de chegar no local, a mãe, Ana Angélica Kalume, diz que o jovem estava bem e alegre.
“Ele foi de livre e espontânea vontade, antes passamos num lugar pra ele poder comer alguma coisa. Chegamos lá ele estava bem, ele muito engraçado contando piadas, falando sobre a vida”, diz a mãe.
Ela conta que enquanto acertava a documentação do filho, o jovem foi levado para outra sala. Ela chegou a ser informada que ele estava resistindo a internação, mas foi impedida de vê-lo.
Segundo a clínica, o adolescente teve uma parada respiratória. Os profissionais do local não conseguiram reverter o quadro e chamaram o Samu, mas o jovem não resistiu.
A mãe do adolescente, Ana Angélica Kalume, estava na clínica e diz que não soube da morte do filho. Ela conta que somente depois que já havia saído do local, recebeu um telefonema com a notícia.
Antes da internação
A mãe do jovem conta que o filho era portador de autismo leve. Aos nove anos, ele foi diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e, em 2022, começou a utilizar remédio prescrito para o transtorno. No entanto, durante o período da pandemia, começou o período mais crítico: depressão e abuso de medicamentos.
“No inicio de 2022, ano passado, ele começou a fazer o uso abusivo dessa medicação prescrita […] e começou a beber também, a misturar, e é um risco. Quando percebemos que as coisas estavam começando a sair do limite, o psiquiatra fez a indicação da internação”, diz a mãe.
Ana Angélica Kalume ainda afirma que o filho fazia acompanhamento com psiquiatra e sessões de terapia.
Por Hugo Evaristo, TV Globo/ g1 DF.