sexta-feira, julho 26, 2024
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Produtor de Água no Pipiripau: Embrapa Cerrados e 13 instituições celebram novo acordo de cooperação técnica

Foto: Breno Lobato

Solenidade na sede da Adasa reuniu representantes das instituições parceiras no projeto

A continuidade do Projeto Produtor de Água no Pipiripau, no Distrito Federal, foi assegurada com a assinatura, na última terça-feira (7), do novo acordo de cooperação técnica pelas 14 instituições parceiras na iniciativa, entre elas a Embrapa Cerrados (DF). A solenidade foi realizada na sede da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), em Brasília, e contou com representantes das entidades participantes e de autoridades.

Coordenado pela Adasa, o projeto busca incentivar e apoiar produtores rurais em ações de conservação de água e de solo na bacia hidrográfica do Ribeirão Pipiripau, que nasce em Goiás mas tem 90,3% da área no DF, abastecendo as regiões de Sobradinho e Planaltina, sobretudo com água para irrigação. As práticas adotadas, como a adequação de estradas rurais, o controle de erosão e o manejo do solo para a melhoria da infiltração da água e da sua quantidade e qualidade em nascentes e cursos d’água visam à sustentabilidade hídrica, favorecendo a disponibilidade de água na época de seca e garantindo o fornecimento para os usos múltiplos na bacia. Também são empreendidas ações de reflorestamento, com o plantio de mudas em áreas degradadas e o cercamento de nascentes e de Áreas de Preservação Permanente.

Além da Adasa e da Embrapa Cerrados, são parceiros do projeto a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA); a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb); o Departamento de Estradas e Rodagem do Distrito Federal (DER/DF); a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF); o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (Brasília Ambiental); a Rede Pede Planta; a Rede de Sementes do Cerrado; a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal; a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Proteção Animal do Distrito Federal; a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco); a Universidade de Brasília; e a The Nature Conservancy (TNC).

“O principal diferencial é a valorização dos produtores rurais, sua função social e ambiental como parceiros do projeto. Além de produzirem alimentos, eles produzem água”, apontou o coordenador de Apoio ao Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Distrito Federal, Wendel Lopes, que fez uma breve apresentação sobre o projeto.

Em 10 anos de atuação, o Produtor de Água no Pipiripau assinou 210 contratos com produtores da bacia e realizou o pagamento de mais de R$ 3 milhões pelos serviços ambientais prestados. Ao todo, o projeto já investiu mais de R$ 30 milhões em pessoal e recursos financeiros por meio dos parceiros, resultando na instalação de mais de 1,3 mil ha de terraços, na recuperação de 134 km de estradas e na construção de mais de 1,3 mil bacias de retenção. Além disso, foram reflorestados mais de 250 ha, com a produção e o plantio de mais de 400 mil mudas. Também foi realizado reflorestamento por meio das práticas de semeadura direta e agroflorestas. 

O projeto viabilizou, ainda, as obras de tubulação do Canal Santos Dumont, principal canal de irrigação da região do Pipiripau e que abastece 96 propriedades e mais de 100 famílias. Com a tubulação, o canal, que sofria perdas hídricas por infiltração e evaporação que representavam cerca de 50% do volume de água captado, passou a fornecer ao sistema de abastecimento público uma média de 100 L/s, o suficiente para abastecer mais de 40 mil pessoas. “É uma obra significante, que deu estabilidade hídrica à bacia”, comentou Lopes.

O Produtor de Água no Pipiripau obteve reconhecimento nacional e internacional, tendo recebido comitivas de 20 países e alcançado, em 2021, o segundo lugar no concurso promovido pela Global Water Partnership (GWP), o Water ChangeMaker Awards, que recebeu 350 inscrições de 80 países. 

O coordenador de Suporte à Inovação da Embrapa Cerrados, Chang Wilches, que representou o chefe geral Sebastião Pedro, afirmou que o projeto é importante para o desenvolvimento de modelos e soluções de inovação para o manejo racional de bacias hidrográficas, principalmente daquelas de grande relevância para o atendimento de demandas tanto da sociedade como ambientais. 

“Nessa lógica de modelagem, desenvolvemos uma série de projetos e soluções que podemos testar e validar no Pipiripau ou no Alto Rio Descoberto (outra bacia hidrográfica localizada no DF) para podermos desenvolvê-las em outras bacias hidrográficas que também têm grande importância na perspectiva da agricultura”, disse, agradecendo à Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) pelo apoio à implementação de projetos de pesquisa da Unidade no DF, como o “Restauração ecológica no contexto do Programa Produtor de Água do Alto Rio Descoberto visando à sustentabilidade de bacias hidrográficas”, liderado pela pesquisadora Fabiana Aquino, e “Co-construção de adequações sociotécnicas com base nas experiências do Programa Produtor de Água no Distrito Federal”, liderado pela pesquisadora Suênia Almeida.

A parceria entre o Estado e a população do DF foi destacada pelo diretor-presidente da Adasa, Raimundo Ribeiro, ao lembrar que os 210 contratos assinados no âmbito do projeto representam adesões voluntárias de produtores. “Para nós, é uma situação muito confortável de sermos instrumento dessa ação que busca valorizar um bem que hoje é o maior ativo do mundo, que é a água. Quero parabenizar não somente a nós, mas principalmente à sociedade pela disposição de ajudar os seus servidores a pensar como podemos otimizar o aproveitamento da água”, declarou. 

O diretor da ANA, Mauricio Abijaodi Vasconcellos, lembrou que o Programa Produtor de Água foi idealizado pelo órgão em 2001 e atualmente conta com 65 projetos ativos. “Costumo dizer que o Produtor Água não produz água. Na verdade, ele produz consciência quanto a um recurso essencial para nossa vida. Ao levarmos o programa para o produtor rural, levamos a consciência para a importância da manutenção das nossas nascentes, da recomposição das matas ciliares, da Área de Proteção Permanente. É o momento adequado para, olhando para o futuro, apontar para o que o programa tem a oferecer ao DF de forma geral”, afirmou.

Segundo o secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal, Fernando Antonio Rodriguez, o Produtor de Água no Pipiripau coloca a agricultura em uma posição extremamente estratégica, já que o DF é atualmente a segunda pior Unidade da Federação em disponibilidade hídrica por habitante/ano, atrás apenas de Pernambuco. “Agricultura não se faz sem água. E como bem disse o Wendel (Lopes), nós fazemos alimento e somos também capazes de fazer água. Proteger mananciais é muito mais que colocar uma floresta: é saber traduzir o processamento da água da chuva que infiltra no solo e chega aos aquíferos. Esse é o grande desafio e estamos empenhados nessa luta com a participação de todos”, disse. 

Antônio Gutemberg, secretário do Meio Ambiente e Proteção Animal do Distrito Federal, lembrou que o Bioma Cerrado, berço de oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras, é considerado a caixa d’água do País, e que sem uma agricultura de baixa emissão de carbono não é possível avançar. “É ilusório produzir commodities degradando o ambiente, essa conta não fecha. Este acordo de cooperação técnica mostra o exercício da transversalidade entre as instituições. Com a união governamental em parceria com a sociedade, através dos produtores rurais, estamos de fato promovendo o desenvolvimento sustentável”, concluiu.

Também participaram da cerimônia o diretor de Regulação e Meio Ambiente da Caesb, Haroldo Toti; o diretor-geral DER/DF, Fauzi Nacfur Júnior; o presidente da Emater-DF, Cleison Duval; o presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer; o diretor de Planejamento e Avaliação da Sudeco, Renato Jorge Ribeiro; o professor Ricardo Gaspar, da Universidade de Brasília; o diretor-presidente da Rede Pede Planta, Erli Ferreira Gomes; e a vice-presidente da Rede de Sementes do Cerrado, Anabele Gomes.

Fonte: Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados


Emícles Nogueira Nobre Júnior
Emícles Nogueira Nobre Júniorhttp://jornaldesobradinho.com.br
Jornalista Profissional DRT 12050/DF, Blogueiro, Gestor Comercial & Diretor Geral do Jornal de Sobradinho.
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