Eu não plantei flores

E nunca vou planta-las

Para não vê-las morrerem

Abruptamente

Pisoteadas cruelmente

Pelas botas asseadas

E lustradas

Dos soldados desumanizados

Fortemente armados

Que em descompassados

E uniformizados

Passam em marcha

***

Não! Eu não vou semear

Flores algumas

Para não vê-las

Serem arrancadas

Tiranicamente

Da floresta negra em chamas

Pelas mãos inumanas

Para suprir um mercado em fúria

Para serem vendidas

A posteriori

Em um ávido mercadejo qualquer

***

Não! Eu não vou plantar flores

Para não me desumanizar

Em demasiado

Para não ter que leva-las

No campo-santo

Em homenagem sepulcral

Para aqueles que partiram

Para o além vida

E nunca mais voltarão

(*) Por Samuel da Costa – Escritor e Poeta