Com direito a recorde, brasiliense ganha medalhas de ouro e prata na natação

 

Wendell Belarmino brilhou em um pódio todo verde-amarelo na natação dos Jogos Parapan-Americanos

<i>(Foto: Ale Cabral/CPB)</i>

 

Wendell Belarmino brilhou em um pódio todo verde-amarelo na natação dos Jogos Parapan-Americanos de Lima-2019, ontem, no Peru. E o brasiliense não poderia estar em lugar melhor: no degrau mais alto. O ouro nos 100m livre da categoria S11 (para cegos) teve direito à quebra de recorde do evento na primeira participação na competição, com o melhor tempo da carreira: 59.33 segundos. Matheus Rheine, terminou em segundo lugar, e José Perdigão, em terceiro. No dia anterior, o nadador de Brasília, de 21 anos, havia ganhado a prata nos 400m livre.

 

 

     “Não tenho palavras para explicar o sentimento. Nem sabia qual era o recorde do Parapan, mas foi a primeira vez que nadei abaixo de um minuto. É incrível”, vibra Wendell. Apesar de comemorar o resultado, o jovem de Sobradinho se diz muito competitivo e revelou que o objetivo era finalizar a prova em 58 segundos. “Espero que essa marca saia no Mundial de Natação (que ocorre em setembro). Terei mais tempo de descanso para acertar e conseguir.”
     Wendell nasceu com um glaucoma e conheceu a natação na escola. “Eu sempre fui uma pessoa muito competitiva. Fui colocado nas competições escolares, mas eu queria mais”, lembra. Em 2015, procurou o técnico Marcus Lima para treinar. Antes, havia feito hipismo, mas se encontrou nas piscinas. Da arquibancada, é por meio do grito do treinador que é avisado sobre a colocação que termina a prova.
     Quando Wendell começou a treinar com Marcus, sabia nadar apenas um estilo. Não demorou para aprender os outros três e se surpreendeu quando o técnico lhe perguntou se ele queria disputar uma Paralimpíada. “Ele achou que era loucura, mas eu falei que seria possível, se ele comprasse a ideia”, conta o treinador, conhecido como Marcão. A rotina do brasiliense inclui treino na piscina de segunda-feira a sábado, mais dois dias de atividade funcional, dois de musculação, além de psicólogo, nutricionista e massoterapeuta.
     Marcão viajou para Lima com o dinheiro do próprio bolso e não segurou as lágrimas quando viu o pupilo levar a primeira medalha, ainda de prata. No ouro, era puro orgulho. Mas o treinador não poderá assistir às demais quatro provas de Wendell, pois terá de voltar mais cedo para Brasília. O motivo, no entanto, não é ruim.
     Ele retorna para se apresentar à delegação brasileira antes de viajar para Londres acompanhando Wendell, desta vez, como técnico da Seleção. As competições fazem parte de uma longa jornada que visa os Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020. O objetivo que Wendell achava impossível está cada vez mais próximo.

“Não tenho palavras para explicar o sentimento. Nem sabia qual era o recorde do Parapan, mas foi a primeira vez que nadei abaixo de um minuto. É incrível”

Wendell Belarmino, nadador brasiliense
59.33 segundos
Recorde parapan-americano dos 100m livres

 

*Fonte: Maíra Nunes – (A repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro) /Foto: Ale Cabral/CPB – postado originalmente no df.superesportes.com.br   em 28/08/2019 15:00 / atualizado em 28/08/2019 16:14.