Dr. Eufrásio Pereira da Silva: A mulher não é um ser frágil. O homem é que não a valoriza como deveria

Uma solenidade simples, mas carregada de significado, promovida pelo Conselho Regional de Cultura de Sobradinho, na Administração Regional, homenageou as mulheres, na manhã deste 8 de março, Dia internacional das Mulheres.

O evento foi idealizado pela presidente do Conselho Regional de Cultura, Regina Fonseca, que levantou a questão junto aos conselheiros. O CRC se encarregou de buscar parcerias nescessárias para angariar os materiais necessários para as faixas, cartazes, camisetas e decoração, junto aos empresários, recebendo o apoio de Márcio Portilho, da Faculdade Fael; de Telma Ferreira, da Telm’Art e da Casa de Reabilitação Mar Vermelho, na logística; além da relevante colaboração dos artistas plásticos Toninho de Souza, Rosemaria e Tom Mello.

A presidente do CRC declarou à reportagem que se empenhou pela homenagem, uma vez que a violência doméstica tem crescido, humilhando principalmente as esposas e companheiras mais humildes, além de que muitas mulheres vêm perdendo os postos de trabalho que conquistaram, em função da pandemia.

“Esta homenagem é um afago e um reconhecimento a quem luta diariamente pela família e, consequentemente, pela sociedade e, nem sempre, tem o seu valor reconhecido”, afirma Regina Fonseca.

A presidente do CRC, Regina Fonseca (de blusa listrada, à direita), foi a idealizadora do evento

Portando faixas e cartazes, com frases alusivas à data, e trazendo no rosto a expressão de doçura que caracteriza o sexo feminino, as mulheres ocuparam a marquise e o gramado, em frente à AR, onde foram recepcionadas pelo administrador regional, Dr. Eufrásio Pereira da Silva; e pela gerente de Cultura, Esporte e Lazer, Rosemaria Alves dos Santos.

Após a confraternização e cumprimentos, elas foram convidadas a ocupar o auditório, onde receberam homenagem do administrador, que não poupou gentilezas em suas palavras, demonstrando o carinho e cuidado com que ele lida com as mulheres. Rosemaria Alves também fez uso da palavra e se emocionou ao ler um texto redigido pela conselheira Janilse Rodrigues (Secretária do CRC), que destaca os direitos conquistados pelas mulheres, ao longo da história.

O administrador salientou que não existe estrutura familiar que resista à ausência da mulher. Para ele, a mulher é guerreira, diferenciada, ponderada, sincera, honesta, carinhosa e dá vida, sustentação e sobrevivência à família. “Faltam-me palavras para homenageá-las e elogiá-las”.

Dr. Eufrásio prosseguiu, afirmando que a mulher se diferencia do homem porque trabalha 24 horas, dentro e fora de casa, e ainda dá conta dos filhos, da renda familiar “e do marido, que é quem dá mais trabalho”, afirmação que arrancou gargalhadas da plateia, composta, em sua maioria, por mulheres.

Advogado e defensor público, Dr. Eufráfio revelou que, durante sua atuação profissional, participou de 433 júris, no Distrito Federal e, quando o processo tratava-se de violência doméstica, ele pedia para ser substituído, pois não conseguia defender os homens que agrediram mulheres.

“Nestes momentos, eu me espelhava na minha mãe, hoje com 95 anos e lúcida, graças a Deus. Porque se não fosse ela, minha família de nove irmãos, certamente não teria alcançado o que agente alcançou.

O administrador disse que não desmerece o papel do seu pai, mas a mãe dele é que foi e ainda é o esteio da família, livrando os filhos do mau caminho e de erros, com seus conselhos e exemplos.

Ele também citou a importância de sua esposa, da neta de 14 anos e de sua professora de Geografia, no UniCeub, que sempre dizia à turma que a mulher é tudo: Ela tem que acordar cedo, preparar o café, arrumar a casa, enviar os filhos ao colégio, passa o dia cozinhando, lavando e enxugando e, à noite, ainda tem que “servir o marido”.

Para o administrador, a mulher não é um ser frágil. “Pelo contrário, o homem é que não a valoriza como deveria. “A mulher é uma verdadeira heroína, que merece nosso respeito e gratidão”, sentenciou o Dr. Eufrásio Pereira.

Empoderar as mulheres

Já a gerente de Cultura, Lazer e Esporte, da AR, Rosemaria Alves dos Santos, que é cantora e vice-presidente da Associação dos Funcionários do DER, afirmou que a mulher merece ser e fazer o que tem vontade.

“Merece, sobretudo, não ser reprimida, por que, mesmo nos dias atuais, a violência doméstica não cessa e, todo dia, a mídia noticia violência contra mulheres. Quando não, feminicídio”

Rosemaria entende que devemos colaborar para que as mulheres se tornem independentes. Para ela, em muitos casos, a dependência dos homens as torna vulneráveis, porque é ele quem sustenta a casa, sobrando para elas o papel de mãe e doméstica.

“Assim, certas mulheres nunca fazem o que desejam, nem realizam seus sonhos. A mulher merece se libertar dessa dependência, trabalhar e fazer o que gosta, sem depender totalmente do homem”, pontua a gerente.

Rose Observa que a situação de submissão da mulher é uma questão de educação e também de herança cultural. “As avós transmitem certos comportamentos para as filhas, que os retransmitem às netas e os erros vão se perpetuando”.

Para a gerente de Cultura, essa parcela de mulheres precisa ser reeducada para entender o poder e os direitos que tem. Segundo Rose, o Poder Público tem muta responsabilidade sobre esta questão e, embora já esteja agindo para mitigar a situação das mulheres que sofrem, o governo precisa empenhar-se mais no sentido de empoderar as mulheres, oferecendo cursos e capacitação, para torná-las independentes de homens que não compartilham das

responsabilidades do lar e da família.

Rosemaria Alves observa que não é a favor da mulher sozinha, mas o casal deve ser parceiro e colaborar para que a vida seja harmoniosa. “Não existe distinção entre homem e mulher, existe ser humano. Mas, o ser humano precisa ter compreensão, respeito e conhecimento da vida”, finalizou.

Paz universal

A administradora de empresas, conselheira e vice-presidente do Conselho Regional de Cultura, Camila Parlatucci Arantes, que também é produtora cultural e atua no empoderamento e empreendedorismo de mulheres, destaca a composição que permitiu ao CRC equilibrar as cadeiras, entre conselheiros e conselheiras, de maneira que Sobradinho conseguisse atingir a cota estabelecida pela legislação.

Camila observa, no entanto, que a luta é para que as mulheres ocupem, num futuro, próximo, os espaços políticos, sem imposição da lei. “Que possamos ocupar esses espaços de uma forma orgânica, porque nós mulheres somos mais de metade da população brasileira”.

Para a conselheira, o Dia 8 de Março é um dia de reflexão e não somente para se olhar a mulher como uma referência feminina, de beleza ou objetificada.

Para ela, as mulheres precisam ser cuidadas, reconhecidas, valorizadas, encorajadas e refletirem sobre o espaço que elas ocupam no lar, nas suas relações com o trabalho e no seu meio social.

“Que os homens também reflitam sobre o quanto eles apoiam a mulher, no que ela traz, não apenas na questão de gênero, mas na ocupação do espaço familiar e na construção da paz universal”, finalizou a Camila.

Camila Parlatucci: O Dia 8 de Março é um dia de reflexão

Rosemaria Alves: Não existe distinção entre homem e mulher, existe ser humano.

O Conselho Regional de Cultura de Sobradinho é composto por:

Amélia Pinheiro

Camila Palatucci

Dorival Brandão

Janilce Rodrigues

Nayara Ohana

Regina Fonseca

Sander Venttura

Thiago Nunes

Vanderson Lieone

Fonte: José Edmar Gomes/ Jornalista