Um monge budista
Pega fogo em praça pública
E o mundo arde em chamas
Mais uma vez
***
Milicianos fortemente armados
Adentram tranquilamente
Na favela
Enquanto uma mãe chora
Mas é um alto e forte alarido
Que ninguém quer ouvir
Que ninguém ouvirá
***
Um decrépito mendigo faminto
Pede uns trocados
Para quem passa
Na esquina de rua
No novo mundo
Enquanto a polícia desce o morro
De uma grande cidade
Sul Americana
***
Uma bela e jovem meretriz
Parada na esquina
De um bairro periférico
Decidiu de última hora
Fazer um bom desconto
Possivelmente se agradou
Do novo cliente
Jovem e de poucos recursos
***
Um pastor abre aos braços
No púlpito em regozijo
Prega de olhos fechados
Mais algumas boas ofertas
Para o bom Deus que tudo vê
Que tudo ouve
***
Enquanto o mundo gira
E nada acontece
Nada muda
(*)Samuel da Costa é Escritor e Poeta