De acordo com a Codeplan, 52,5% dos brasilienses utilizam o automóvel como meio de transporte até o trabalho principal

Apesar do alto valor da gasolina nos postos de combustíveis, que faz com que muitos brasilienses prefiram utilizar formas mais econômicas para se locomover, o carro é o meio utilizado por metade da população do DF para chegar até o seu trabalho principal.

É o que atesta a nova edição da Pesquisa Domiciliar por Amostra de Domicílios (PDAD), realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e referente ao ano de 2021. A pesquisa indicou que 52,5% dos moradores usam o automóvel para ir ao trabalho. O estudo mostra também que 38,1% utilizam o ônibus e 11,6% vão a pé. A moto e o metrô são os transportes preferidos por 4,3% e 3,7%, respectivamente.

O número de trabalhadores que usam os seus automóveis para se locomover cresceu cinco pontos percentuais em relação ao PDAD anterior, feito em 2018. Na época, 47% utilizavam o carro para trabalhar, enquanto que 38,2% utilizavam o ônibus e 14,5% iam a pé.

O estudo de 2021 detalha também o tempo de deslocamento dos brasilienses até os seus locais de trabalho, sendo que 54,5% da população chega em até 30 minutos. Já 33% precisam se locomover em um percurso de meia a até uma hora, enquanto que 5% dos trabalhadores levam até duas horas para poder chegar no seu ofício.

Motorista cita praticidade

No Gama, a contadora Fernanda Fialho, de 25 anos, é recém-habilitada e comprou um automóvel popular usado em março deste ano, realizando um investimento de R$ 40.000. A moradora diz agradecer, apesar do alto gasto do combustível, por não precisar mais ir de ônibus para o seu trabalho, localizado no Plano Piloto, cujo deslocamento ficou “mais prático”.

“Com o carro, você meio que faz o seu horário, além de ficar mais prático e confortável também. Você não precisa se importar com a hora que os ônibus passam e nem com os problemas do transporte público. Então vale a pena, mesmo com o preço da gasolina estando lá no alto, que realmente não é fácil para quem não está acostumada”, conta.

Fernanda lembra que, quando fazia a sua faculdade de Ciências Contábeis no Centro de Ensino Unificado de Brasília (CEUB), na Asa Norte, precisava sempre pegar dois ônibus lotados para ir e voltar das aulas. Com a sua formação e a possibilidade financeira de comprar um carro, ela diz não ter pensado duas vezes em fazer, ou não, o investimento.

“Era acordar todos os dias cinco da manhã e ficar entupida no ‘busão’, sendo duas horas para ir e duas horas para chegar. Na faculdade, todos os meus colegas que moravam no Gama tinham carro, menos eu. Então, às vezes, eu conseguia uma carona e via que ter um carro até que valia a pena, por ser menos corrido”, comenta a contadora.

Uns vão de carro, outros de ônibus

Além dos dados do DF como um todo, o PDAD faz uma análise minuciosa da realidade dos moradores de cada uma das 33 regiões administrativas do Distrito Federal. A partir destas análises, é possível ver que o deslocamento por automóvel ao trabalho é maior nas regiões com maior rendimento dos moradores, enquanto que, nas regiões com menor renda, o ônibus é o transporte mais utilizado.

No Lago Sul, região com o maior rendimento bruto médio da população, estimado em R$ 31.322,91 pela Codeplan, foi constatado que 97,6% dos moradores locais vão de carro para o trabalho. A quantidade dos que vão de ônibus é irrisório, já que não foi sequer estimado pelos pesquisadores devido à insuficiência da amostra.

A realidade é diferente na SCIA/Cidade Estrutural, região com o menor rendimento bruto estimado pela Codeplan, sendo calculado em R$ 2.014,03. Por lá, os moradores utilizam mais o ônibus para chegar no seu local de trabalho, sendo 46,8% dos trabalhadores. O automóvel é o meio usado por 20,6% dos habitantes, sendo o menor percentual de todo o DF.

Em uma entrevista cedida para a equipe de reportagem do Jornal de Brasília, o economista César Bergo explica que, no Distrito Federal, o acesso ao carro próprio, acaba ficando restrito para apenas uma parcela da população que possui uma maior renda. “Praticamente, o mercado de carro fica exclusivo para essa parcela mais rica da população”, afirma.

O economista diz também que devido à desigualdade de renda, enquanto que, em algumas regiões, os moradores possuem a oportunidade de ter mais de um carro, os trabalhadores de outras cidades permanecem sendo, em sua maioria, dependentes do sistema de transporte público do DF.

“Na verdade não é nem um carro, são carros. Enquanto você tem cidades que você não tem uma população com acesso ao automóvel. E quando ele tem acesso, é um automóvel já usado de muitos anos, e que tem uma manutenção cara”

Por: Gabriel de Sousa – redacao@grupojbr.com Redação Jornal de Brasília