Em entrevista, o diretor-geral do DER-DF, Fauzi Nacfur Junior, destaca a construção de túneis e viadutos que terão impacto na fluidez do trânsito
Por todo canto do Distrito Federal há um canteiro de obras, muitos deles com construções que impactam o cotidiano do trânsito da capital federal. Em 2021, o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) esteve envolvido em grandes obras, como o Complexo Viário Joaquim Roriz, o túnel de Taguatinga e uma série de viadutos, que resolverão os entroncamentos nas principais saídas do DF.
Num ano atípico, o DER-DF investiu em ações preventivas, como a manutenção de pavimento, viadutos e passarelas, e em operações de reversão, iniciativas baratas com bons resultados para o fluxo de trânsito. O departamento também foi responsável por levar asfalto nas proximidades das escolas rurais com o projeto Caminho das Escolas e em trabalhos para reduzir o número de mortes nas rodovias.
Em entrevista, o diretor-geral do DER-DF, Fauzi Nacfur Junior, faz um balanço do trabalho do departamento ao longo do ano, anuncia obras que serão feitas em 2022 e destaca a mudança do perfil do trânsito da cidade após o período da pandemia.
Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.
Esse foi um ano de muitas obras feitas pelo DER-DF. Qual é o balanço que o senhor faz?
Mesmo com todos os problemas de um ano de pandemia, conseguimos que as grandes obras não parassem. Ficamos muito orgulhosos de entregar o Complexo [Viário] Joaquim Roriz, uma grande obra que mudou a cara da saída norte da cidade. As pessoas gastavam duas horas para chegar a Planaltina e a Sobradinho de carro ou de ônibus. Hoje, isso se resume a 20 minutos, graças aos viadutos e pontes do complexo no Trevo de Triagem Norte. Temos obras em todas as partes.
“Talvez a maior obra que o nosso governo esteja fazendo é do Túnel de Taguatinga, que vai resolver uma região crítica que envolve Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. Com o túnel, você elimina o cruzamento no centro de Taguatinga”
Estamos fazendo as vias marginais do túnel do Aeroporto, que vai conseguir triar o trânsito da saída Sul, dando fluidez e melhorando o tráfego. Talvez a maior obra que o nosso governo esteja fazendo é do túnel de Taguatinga, que vai resolver uma região crítica que envolve Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. Com o túnel, você elimina o cruzamento no centro de Taguatinga.
Temos a DF-001, que sai da Estrutural e vai até Brazlândia. Esse trecho ficou dividido. Nos primeiros 8 quilômetros, o DER-DF está fazendo uma obra direta. Terminamos um espaço importantíssimo até o Assentamento 26 de Setembro, uma região que sempre teve muitos acidentes com morte. Fizemos o alargamento das vias, botamos duas faixas para cada lado e uma barreira New Jersey [barreira de segurança em concreto] no meio, fechando e evitando batidas frontais. Já melhorou muito. O restante está sendo projetado pelo Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] e sendo colocado em licitação, até com emenda da bancada federal dos deputados e senadores do DF.
Entramos também com o viaduto do Recanto das Emas, num ponto de estrangulamento com o Riacho Fundo II, obra praticamente com 50% executados. No Itapoã e no Paranoá, as obras do viaduto começaram para resolver o entroncamento de duas grandes rodovias, a DF-001 e a DF-250. Nossa expectativa é entregar pronto no meio do ano que vem.
O DER-DF trabalha atualmente com 15 novos viadutos?
Na verdade, são oito complexos de viadutos. Na maioria, há dois ou três viadutos por região. Focamos os principais pontos de entroncamento. Além dos que já falei, lançamos em 2 de dezembro a obra do viaduto do Riacho Fundo, que será feito no balão da entrada. É um ponto importante de chegada de Anápolis e Goiânia.
O viaduto de Sobradinho está em fase de licitação. Vai estar bombando no ano que vem. O governador pediu e vamos licitar o viaduto do Jardim Botânico, que é hoje o único lugar que o Distrito Federal tem para crescer e é uma área muito povoada hoje. Será feito no grande balão de Esaf [Escola de Administração Fazendária]. Imaginamos que no começo do ano já vamos estar bombando e eliminando o ponto de entroncamento, dando fluidez àquela região dos condomínios. Também estamos fazendo na mesma área a duplicação da DF-140; são 16 quilômetros de duplicação.
O DER-DF também atuou no projeto Caminho das Escolas nas regiões rurais. No que consiste o trabalho?
Temos no Distrito Federal mais de 50 escolas rurais, as quais as crianças, para acessar, sofrem com lama, na época da chuva, e com poeira, na seca. Com esse projeto, levamos dignidade para as crianças chegarem às escolas num trecho pavimentado. Já fizemos, por exemplo, no Núcleo Rural Lamarão, no Núcleo Rural Cariru e na Escola Olhos d’Água, na região de Ceilândia. É um programa grande, que envolve muitas escolas. A expectativa é dar continuidade e fazer mais escolas em 2022.
“Desde o início da gestão, uma das coisas que o governador mais pediu foi a manutenção do pavimento. Restauramos todo o Eixo Rodoviário de Brasília, com pista nova e sinalizada, e a pista do Jóquei (Estrada Parque Vale). Estamos trabalhando na descida do Núcleo Bandeirante. Recebemos na nossa gestão um viaduto que tinha caído, licitamos e recuperamos. Pegamos a maioria dos viadutos e partimos para a restauração. Fizemos manutenção de 50 passarelas de pedestres com pintura e solda de piso e lateral”
Além das grandes obras, o DER-DF faz importantes trabalhos de recuperação e manutenção. Qual é a importância dessas ações preventivas?
Nos últimos anos, nesse mesmo período, com a quantidade de chuva que já caiu, a cidade estaria só falando de buraco. Não estou dizendo que não tem buraco para tapar, porque nunca vai deixar de ter um buraco. Mas se você perceber, você anda nas principais rodovias de forma confortável.
Você pode dizer que o Pistão Sul está terrível. O pavimento não suporta mais tapar os buracos. Está totalmente destruído. É uma obra cara e grande, porque você tem que mexer na estrutura. Conseguimos recurso de uma emenda federal que vem da Caixa Econômica e está chegando agora, após um ano de tratativas entre os governos do DF e federal para liberação de recursos.
Desde o início da gestão, uma das coisas que o governador mais pediu foi a manutenção do pavimento. Restauramos todo o Eixo Rodoviário de Brasília, com pista nova e sinalizada, e a Pista do Jóquei [Estrada Parque Vale]. Estamos trabalhando na descida do [Núcleo] Bandeirante. Recebemos na nossa gestão um viaduto que tinha caído; licitamos e recuperamos. Pegamos a maioria dos viadutos e partimos para a restauração. Fizemos manutenção de 50 passarelas de pedestres com pintura e solda de piso e lateral.
O concreto, se você não for dando manutenção, vai rachar, trincar e dar problemas. Não é do jeito que a gente gostaria, mas estamos lidando da melhor forma possível.
Outra estratégia do DER-DF foi apostar nas reversões. Quais foram implementadas este ano?
É uma forma de trabalho barata, com um resultado grande. Posso citar o exemplo da faixa reversa da Estrutural, em que a gente faz um prolongamento de 5 quilômetros até a região de Ceilândia, na BR-070. Isso ajudou muito a vida das pessoas. Há algumas semanas, iniciamos a faixa reversa na região de Samambaia, na BR-060, que tem tido os melhores resultados possíveis. Nossas equipes vão às 5h da manhã, custo zero, dando qualidade de vida à população. Também fizemos reversão no balão do Paranoá, na BR-250. Você tinha duas faixas, colocamos duas indo e apenas uma em direção a Unaí [MG]. Melhora muito o trânsito. Temos nosso Centro de Controle Operacional que está aí para fiscalizar, vigiar e ver o que a gente pode melhorar. Isso é engenharia de trânsito trabalhando para dar esse resultado.
Estamos num momento de retomada após o período de isolamento. Como isso impacta o trânsito?
A nossa equipe de Superintendência de Trânsito notou que, apesar de a pandemia estar chegando ao fim e as coisas estarem voltando ao normal, o trânsito já voltou quase todo ao normal, mas com uma diferença: a gente entende que a questão do teletrabalho deu essa variação da fluidez do trânsito. Se você tinha o costume de sair de manhã cedo para voltar às 18h, isso ficou mais mesclado. A flexibilidade no horário de trabalho refletiu no trânsito. Continuamos tendo uma quantidade de veículos passando nas ruas bem parecida com a normal, porém com picos de engarrafamento menores. Percebemos também que quadruplicou o número de motociclistas em função da pandemia, por causa do delivery. Com isso, aumentou o número de acidentes de motociclistas. Isso é ruim e é uma coisa que estamos estudando para combater e diminuir.
Levantamento do Detran mostrou que, até setembro, houve uma redução de 44% das mortes no trânsito. A que se atribui essa queda?
“A gente atribui a redução das mortes no trânsito a todo esse trabalho e a união dos órgãos”
Tudo isso é fruto da educação no trânsito da nossa escolinha, que recebe todos os dias estudantes, com aula e uma minicidade do trânsito. Segundo, é a engenharia de trânsito, onde verificamos o que está funcionando, fazemos intervenção, viaduto e melhoramos a vida das pessoas. Em terceiro é a fiscalização. Na nossa sociedade, só nos damos conta do certo quando dói no bolso. Tem que estar sendo vigiado por câmera, pardal, bafômetro. A gente atribui a redução [das mortes no trânsito] a todo esse trabalho e a união dos órgãos .
Fonte: ADRIANA IZEL, da Agência Brasília, Edição: SAULO MORENO , Fotos: Renato Araújo/Agência Brasília