Centros de Línguas do DF oferecem uma variedade cultural grande e, em 2022, vão ensinar Libras, segunda língua mais usada no país
“Itadakimasu”. A expressão nada comum para ouvidos brasileiros passou a fazer parte do cotidiano da universitária e moradora de Sobradinho Vitória Santos, 19 anos. Traduzida da língua japonesa para o bom português, quer dizer: “Obrigado pelo almoço”. E agora é pronunciada pela moça em boa parte de suas refeições. Em especial, quando vai comer sushis e sashimis, seu prato predileto.
Amante da cultura nipônica, Vitória tem aulas semanais de japonês ministradas pelo Centro Interescolar de Línguas (CIL) de sua cidade. Assim como ela, hoje 49.737 alunos estão matriculados em 17 escolas públicas de línguas estrangeiras na capital. Unidades onde eles podem aprender gratuitamente o inglês, espanhol, francês, japonês e o alemão no contraturno das aulas regulares. Parte das vagas também são destinadas à comunidade.
“É muito difícil, são três alfabetos na língua japonesa. Mas a minha ‘sensei’ (professora) me ajudou muito ao ensinar de maneira lúdica, com músicas e dinâmicas. Então, logo deslanchou”
Vitória Santos, 19 anos, universitária e estudante de japonês
A moça é fã de mangás e dos animes — como se chamam os desenhos animados do Japão. Está no último dos seis semestres do curso e conta que valeu a pena o desafio. “É muito difícil e, para você ter uma ideia, são três alfabetos na língua japonesa. Então, todo mês eu pensava em desistir”, confessa. “Mas a minha ‘sensei’ (professora) me ajudou muito ao ensinar de maneira lúdica, com músicas e dinâmicas. Então, logo deslanchou”, explica.
Aprovada em Gestão Ambiental na Universidade de Brasília, Vitória tem como objetivo usar o inusitado idioma na profissão. E, para a vida. “Pretendo morar uma temporada em Osaka. Lá é uma cidade com muito verde, onde a questão ambiental é discutida. Então, a língua abriu esse horizonte para mim”, revela a estudante.
O CIL de Sobradinho tem hoje 4.300 alunos e 230 turmas nos períodos matutino, vespertino e noturno. De língua japonesa, são 11 turmas. Mas o interesse pelo idioma vem crescendo com o passar dos anos, revela o diretor da unidade, Helder Rodrigues. “O japonês é nosso idioma mais jovem, já que é lecionado a apenas dez anos nos CILs. Não dá para comparar com o inglês, que já está há 40 anos, desde que os centros foram criados”, observa.
Segundo Rodrigues, o trabalho rendeu bons frutos com alunos de Sobradinho que ganharam bolsa para estudar no país nipônico ou seguiram para um intercâmbio escolar por lá. Neste período de pandemia, as aulas estão no sistema híbrido com o revezamento entre aulas presenciais e a plataforma on-line Google Sala de Aula.
Ensino de Libras
O estudo de alemão é oferecido somente no CIL 1, na Asa Sul, já que a secretaria deve realizar um concurso público para a contratação de mais professores do idioma. E há a expectativa de, a partir de 2022, os centros passarem a oferecer aulas de Libras (Língua Brasileira de Sinais), que hoje é a segunda língua mais usada no Brasil.
“As escolas de Planaltina e Gama estão com projetos adiantados para iniciar Libras no ano que vem. O ensino está sendo regulamentado pela Secretaria de Educação”
Karina Fares, responsável pelo acompanhamento pedagógico dos centros de línguas
O curso de Libras, inclusive, já oferecido a servidores e empregados públicos da Administração Direta e Indireta e militares do GDF por meio da Escola de Governo do Distrito Federal (Egov) e, em setembro, a Secretaria de Educação anunciou a abertura, em breve, da Escola Bilíngue Libras e Português Escrito, na 912 Sul.
“As escolas de Planaltina e Gama estão com projetos adiantados para iniciar Libras no ano que vem. O ensino está sendo regulamentado pela Secretaria de Educação”, explica a professora Karina Fares, responsável pelo acompanhamento pedagógico dos centros de línguas.
A cada semestre, a secretaria abre as inscrições para novos estudantes, que passam por sorteio eletrônico. As próximas estão previstas para dezembro. O requisito é estar cursando a partir do sexto ano do ensino fundamental. Alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) também são contemplados. As vagas remanescentes são destinadas para a comunidade em geral.
Democratizar o ensino
De acordo com Karina, o CIL cumpre uma função social de qualidade no Distrito Federal. “Nossas escolas democratizam o acesso à aprendizagem de línguas e também à formação da pessoa por meio da ampliação do universo cultural”, explica a gestora. “A procura é muito grande a cada semestre e muita gente não consegue. Isso é resultado da boa estrutura oferecida e da qualidade dos professores”.
Além da Asa Sul e das três cidades, também há unidades na Asa Norte, Brazlândia, Ceilândia, Guará, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Riacho Fundo II, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião e Taguatinga.
Fonte: RAFAEL SECUNHO, da Agência Brasília , Edição: RENATA LU