Com armaduras elaboradas e muito treino, equipe de Brasília retoma a prática de combates da antiguidade e tem como meta estar entre os 20 melhores times do mundo
O ringue de luta é substituído por cercas de madeira. No centro, lutadores usam armaduras com cerca de 30kg. Nas mãos, carregam espadas e machados. Esses elementos compõem o cenário no Clube Rural Rosa de Ferro, escola localizada no Núcleo Rural de Sobradinho 2, e retomam a prática do momento histórico conhecido como Era Medieval. Após um ano de treino intenso, o grupo Iron Bastards deseja trazer para a capital premiações de campeonatos nacionais e internacionais previstos ao longo do ano. A meta é estar entre os 20 melhores do mundo.
O esporte conhecido como Historical Medieval Battle (HMB) — Batalha Histórica Medieval — simula o combate realizado por cavaleiros medievais e é praticado em diversos países. A meta do grupo brasiliense para o ano é garantir pontos em torneios no Brasil e na América do Sul. “Queremos repetir o que fizemos no ano passado. Nós conseguimos participar de vários torneios e ficar em primeiro lugar no ranking brasileiro e em sétimo na América Latina”, afirma o fundador do time, Filipe Canabrava.
Em fevereiro deste ano, o grupo garantiu o primeiro lugar no campeonato Matozinhos Medieval, em Minas Gerais. “Agora, estamos nos preparando para um torneio em 24 e 25 de abril em São Paulo, no festival do Arnold Brasil Trade Fitness Fair. Logo em seguida, vamos para um Buhurt Master em Belgrado, na Sérvia, em 2 e 3 de maio. Teremos o Brasília Challenger em julho e mais um Master em Buenos Aires, no segundo semestre”, cita Filipe.
Diante de tantas competições, a equipe busca auxílio com os custos das viagens. Para que o grupo consiga bons resultados, a rotina de treino é intensa. Os lutadores ativos costumam fazer em torno de 10 treinos por semana. “Além dos treinos, estamos em busca de um espaço para montar uma sala de treinamento em local mais próximo para todos, com o objetivo de facilitar o encontro durante a semana, já que nos fins de semana costumamos nos encontrar na chácara (em Sobradinho)”, acrescenta.
Paixão
Filipe começou no esporte há quatro anos, na modalidade individual. “Em 2014, eu descobri o HMB, por meio de vídeos da Federação Internacional, chamada HMBIA. No início, achei que seria bem fácil e tentei formar uma equipe rápido, mas vários fatores influenciaram para isso dar errado. As armaduras eram muito caras, as lutas, muito pesadas, deveria ter dedicação. Comecei a treinar as modalidades individuais, mas sempre tentando fazer a equipe surgir e competir contra outras equipes no Brasil que passavam pelo mesmo problema”, explica.
Em 2017, ele assumiu o cargo de capitão nacional da seleção brasileira. “Depois de adquirir essa experiência, consegui formar o time brasiliense, em 2019. Nosso time teve ótimos resultados, o que me surpreendeu.
Ficamos em primeiro lugar no ranking brasileiro no ano passado, e em sétimo na América Latina. Nossos lutadores têm garra, e eu espero que o esforço deles seja recompensado no futuro”, deseja.
Inspirado pelo mundo medieval, Pedro Motta, 21 anos, conheceu o grupo quando ainda estava no início. A curiosidade veio pelo interesse nos trajes usados. “Entrei em contato com o Filipe para saber onde eram feitos os elmos (objeto usado para proteção da cabeça) e ele me chamou para visitar a forja (espaço onde são confeccionados os elementos do figurino). Vim para cá e vi o pessoal lutando com a armadura completa e me apaixonei pelo esporte”, conta. Para começar a treinar, o jovem teve que esperar seis meses. “É o tempo de duração necessário para confeccionar toda a armadura, devido à complexidade dos elementos. Apenas o elmo demora quatro meses para ser confeccionado”, explica.
Batalhas complexas
As competições são divididas em modalidades e as regras variam conforme cada categoria. Nos duelos, dois adversários lutam com armas iguais. Cada golpe que atinja o adversário marca um ponto. Ao final do tempo, os Marshalls (árbitros) contabilizam os pontos de cada um. Os Profights, também individuais, são feitos pela WMFC, federação que faz as lutas em parceria com o MMA e lutas profissionais. Vence quem marcar mais pontos ao fim dos Rounds, ou por nocaute. Nas competições entre equipes, classificadas como Buhurts, participam cinco, 12 ou 30 lutadores. Uma equipe de 5×5, principal categoria na modalidade, é composta de oito lutadores (três reservas). Ganha a equipe que eliminar todos os adversários ou conseguir uma supremacia, de três contra um.
Inscrição
Quem tiver interesse em se tornar membro da equipe Iron Bastards deve entrar em contato pelo Instagram do grupo (@cavaleirosdarosadeferro) ou pelo e-mail info@rosadeferro.com para receber o calendário de treinos e outras informações. Os lutadores pagam uma mensalidade que ajuda o clube a se manter e a participar das lutas. O membro deve solicitar uma armadura própria. É necessário ter em torno de seis meses de treinamento básico. O clube atua em várias frentes: esporte, cultura medieval ocidental e, inclusive, origens e heranças, educação com vivência na história, música e danças históricas, culinária medieval, moda de época e forja (oficina para confecção das armaduras). Atualmente, lutam no espaço 18 lutadores em três times: Iron Bastards 1, Iron Bastards 2 e Iron Calangas (time feminino).
Fonte: Thais Umbelino / CB – fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press