A venda de cachaças produzidas no DF ganhou força recentemente, ao todo, são quatro registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
O dia 13 de setembro é especial no Brasil. O Dia Nacional da Cachaça, que, além de comemorar o aguardente de cana-de-açúcar, também marca a famosa Revolta da Cachaça, a rebelião aconteceu pelos proprietários de alambiques no século XVII, na época colonial, que se revoltaram com as cobranças de impostos e a perseguição referente ao destilado (que se tornou símbolo da oposição dos colonizadores portugueses) e tomaram a cidade do Rio de Janeiro.
A venda de cachaças produzidas no DF ganhou força recentemente, ao todo, são quatro registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Dessas, duas são produtoras (Cavaco e Remedin) e duas envelhecedoras, que fazem blend de cachaças (Saracura e Meia-Noite). Juntas, formam a Rota da Cachaça de Brasília.
Beber é o melhor remédio
O publicitário Cid Marques e sua família criaram a Cachaça Remedin, produzida artesanalmente pelo Alambique Amana Brasil, localizado na Fercal. Segundo o dono, a bebida da marca é mais fraca e leve, o que gera menos sensação de queimação. Eles possuem três versões do produto: prata (feita em alambique de cobre e descansada por quatro meses), ouro (envelhecida por um ano em barril de carvalho) e extra premium (envelhecida por três anos em barril de carvalho).
João Chaves, filho de Cid, também participa da produção e da publicidade da cachaça. Ele declara que a marca tem a intenção de atingir um público mais jovem, incentivando a nova geração a apreciar a cachaça artesanal. Assim, a Remedin possui o diferencial de personalização dos rótulos, nos quais são colocadas fotos e textos a escolha de cada cliente. Atualmente, as vendas são feitas por comunicação entre os consumidores e pela internet, no site (https://www.remedincachaca.com.br/) e pelas redes sociais da marca.
Com a edição extra premium, a Cachaça Remedin ganhou a medalha de prata na categoria de safras especiais no Concurso Expocachaça 2021, primeira premiação em que participaram.
Segundo Cid, o mercado de cachaça no Distrito Federal tem um grande potencial a ser explorado e, por ser no centro do país, é um bom ponto para distribuição. O processo para começar a venda do produto é demorado e burocrático, feito digitalmente e com bastante fiscalização, visto que há uma série de normas para o funcionamento. Ele acrescenta dizendo que poucas pessoas conhecem esse mercado na cidade: “Queremos mostrar que Brasília tem e produz boas cachaças”.
A empresa faz parte da Associação das Cachaças de Brasília, com projetos ligados à ela. Na degustação online, grupos de apreciadores recebem as quatro cachaças de Brasília em suas casas, através de videochamadas, eles degustam e avaliam. A Rota da Cachaça de Brasília conta com três pontos de parada: a Adega Saracura, no Lago Norte, o Alambique Remedin, na Fercal, e o Alambique Cavaco, em Sobradinho dos Melos. Uma proposta da associação é que os restaurantes do DF coloquem cachaças locais em suas cartas de bebida ou façam drinks com elas. Para celebrar o Dia Nacional da Cachaça, a Remedin fará uma campanha, chamando apreciadores próximos para um jogo, que terá o produto como prêmio.
“A cachaça é a bebida brasileira, seu dia é uma data para resgatar sua história, importância socioeconômica e cultural”, declara Cid.
Cid e João consideram que o Dia Nacional da Cachaça é de grande importância para eles e para a empresa. É uma bebida que deve ser associada positivamente ao Brasil e o país tem que se orgulhar dela, olhando para o produto de forma diferente. Segundo eles, hoje a cachaça é mais valorizada, pois antigamente era vista como algo de baixa qualidade. “A busca pela qualidade da cachaça está aumentando e cada vez mais ela está sendo respeitada e aceita pelo mercado”, diz Cid.
Como a cachaça é produzida?
A produção da cachaça começa com a plantação e colheita da cana-de-açúcar. A matéria-prima é cortada, retiram sua palha e é moída. Em seguida, o caldo passa pela decantação, para separar suas impurezas. O que pode ser aproveitado segue para a etapa de diluição, a fim de diminuir o teor de açúcar do caldo.
Na fermentação, o açúcar é transformado em álcool, zerando a taxa do primeiro. Depois disso, o produto passa pela etapa de destilação, feita em um alambique (similar a uma grande panela de pressão). Para o armazenamento da cachaça, o seu “coração”, considerado como a melhor parte, é conservada e envelhecida em barris de carvalho.
Símbolo de luta
Carlos Magnum, proprietário da Cachaça Ararauna e criador da Cachaça Clássica Meia-Noite, diz que existe preconceito dentro do próprio Brasil pelo aguardente de cana-de-açúcar e que é muito estigmatizada, também reitera a importância da data. “Dia 13 de setembro é um dia extremamente importante. Remonta a luta, né? Que os produtores de cachaça tiveram a mais de quinhentos anos, e, hoje, batalhando para que o nosso destilado seja reconhecido internamente, conhecido pelo público brasileiro. As pessoas preferem pagar R$ 90,00 em uma bebida estrangeira, e não pagam R$ 50,00 em uma boa e excelente cachaça, que encontra aqui, no fundo de casa”, desabafa o especialista.
“Como eu costumo dizer para os produtores: fazer cachaça é o mais fácil, o difícil é justamente vender a cachaça. Não é fácil você colocar no mercado e criar uma marca”, argumenta Carlos.
E o que fazer para dar certo?
Criar um conceito. É o segredo de Carlos. Para que a cachaça seja vendida, necessita de identidade, regionalismo e conhecimento sobre o público-alvo. A degustação também é muito importante no processo de venda. Manter o padrão de qualidade e fazer um bom marketing. “‘Cê’ pode ter as maiores premiações que existirem, mas se o público não gostar, ‘cê’ não vai conseguir vender”, conta. A cachaça, hoje, é a segunda bebida alcoólica mais consumida no Brasil.
Mais sobre as cachaças do DF
Cachaça Saracura: A primeira cachaça registrada de Brasília. Produzida em alambiques de Minas Gerais e envelhecida na Adega Saracura, por 8 anos, em barris de carvalho europeu, que foram utilizados na maturação de whisky, no Lago Norte. Élio Gregório, advogado e produtor, é o Master Blend dessa cachaça. A Saracura foi premiada com medalha de ouro nos concursos: Mundial de Bruxelas, Etapa Brasil 2018, e na premiação de Vinhos e Destilados do Brasil, em 2019.
Cachaça Cavaco: A primeira cachaça 100% produzida no Distrito Federal. O alambique fica na região de Sobradinho dos Melos. Na fazenda, todo o processo produtivo da Cavaco é feito pela família de Josafa Cavalcante, médico alagoano residente de Brasília. Essa cachaça possui as versões em inox, amburana, jequitibá e carvalho. A Cachaça Cavaco ouro é envelhecida por no mínimo um ano em barris de carvalho.
Cachaça Remedin: Produzida na Fercal, pelo Alambique Amana Brasil. A produção artesanal é feita pelo publicitário e produtor Cid Marques e família. A Cachaça Remedin é produzida nas versões prata, ouro e extra premium e é a primeira cachaça com rótulo customizável do Brasil.
Cachaça Clássica Meia-Noite: Criada com um conceito de dar a cara a Brasília no universo da cachaça. Ela é um blend de cachaças brancas oriundas do DF, Minas e Goiás que foram reunidas. Criada por Carlos Magnum, Master Blend e proprietário da Ararauna Cachaçaria. Essa cachaça é descansada em Inox por 18 meses.
Fonte: Maria Tereza Castro e Mateus Arantes / Agência UniCeub