‘Nem fazia parte dos meus planos’ diz Carlos Alberto Coutinho. Produtor do Lago Oeste se prepara para outra etapa do concurso, em Nova Iorque.

Carlos Alberto Coutinho e a esposa são produtores de café na Região Norte do DF — Foto: Emater-DF/ Divulgação

 

Carlos Alberto Coutinho, de 73 anos, tem oferecido um produto que chamou a atenção de distribuidores e também de apreciadores de café expresso gourmet – no Brasil e no mundo. O produtor do Lago Oeste, em Brasília, foi o primeiro da região Centro-Oeste do país a ser finalista no prêmio da empresa italiana Illy.

 

“Não fazia parte dos meus planos e nem imaginava que nós tivéssemos esse potencial”, disse Coutinho. O prêmio foi recebido como “uma agradável surpresa”.

 

“No início, o plantio não tinha maiores intenções comerciais e nem eu desconfiava que nós estivéssemos em uma situação tão privilegiada.”

 

Os grãos da safra 2018/2019, cultivados no Lago Oeste, estavam entre 1.174 amostras analisadas pela empresa. Apenas 40 chegaram a finalistas na 28ª edição do Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Expresso e três produtores foram escolhidos como os melhores: dois de Minas Gerais e um de Brasília.

 

Em outubro, Coutinho e os dois mineiros viajam para Nova York onde participam do 4º Prêmio Ernesto Illy Internacional. O encontro reunirá 27 produtores de nove países. No evento também será revelada a ordem de classificação entre os grãos do DF e de Minas Gerais (primeiro, segundo e terceiro colocados).

 

“Foi um processo natural de aprimoramento até chegar a essa situação e eu espero que isso possa se irradiar pela região, porque realmente, nós, aqui no DF, temos um grande potencial para essa produção de cafés especiais”, afirma o cafeicultor.

 

Como tudo começou

Propriedade no Lago Oeste, onde é produzido café premiado do DF — Foto: Emater-DF/ Divulgação

 

Carlos Alberto Coutinho começou a plantar café em 2003. O café veio depois de uma tentativa frustrada de criar gado de leite, da raça holandesa, que quase o levou à falência, contou.

 

“A ideia inicial era apenas ter um cultivo como forma de terapia ocupacional”, relembra. Depois de vender o gado, em 2002, um dos funcionários dele falou da possibilidade de plantarem café. O problema, explica Coutinho, é que ele não encontrou mudas em Brasília.

 

“Comentei essa dificuldade com um conhecido que mandou um caminhão de mudas para mim. Quando cheguei na fazenda e vi aquele mundo de mudas comecei a plantar.”

 

Desde então, o produtor visitou propriedades, assistiu a seminários, foi a feiras especializadas, ouviu histórias e recebeu apoio da Embrapa e da Emater-DF. Em 2010, ele começou a fornecer café para a Illy, empresa italiana de torrefação.

 

Produção

 

O cafeicultor de Brasília explica que o café é uma planta de clima tropical que, se tiver calor e umidade, flora o ano inteiro. “Isso acaba valorizando a região do DF para a plantação”, diz Coutinho.

 

“O café daqui tem um equilíbrio ideal entre o açúcar e a acidez.”

 

Na propriedade do Lago Oeste, o plantio do café é feito de dezembro a fevereiro, que é o período de chuva. A colheita é entre os meses de maio e julho.

 

A maior parte do café produzido por Coutinho vai para a Itália e, de lá, para o mundo. A empresa Illy, responsável pela distribuição, está presente em 140 países.

 

No último ano, com a boa safra de café, Coutinho acabou vendendo uma parte da produção para a multinacional Olam e para uma torrefadora de Formosa (GO).

Café de marca própria, produzido pela família de Carlos Alberto Coutinho — Foto: Emater-DF/ Divulgação

 

Café gourmet

 

Com o prêmio, o café do Lago Oeste começou a ser procurado. No entanto, o produtor de Brasília não tem autorização para vender o produto torrado. De acordo com a legislação, como produtor rural, para vender café torrado e moído é preciso ter uma empresa.

 

“Eu torro o café só para o meu consumo, mas as pessoas procuram.”

 

Esse próximo passo já está sendo pensado pela família Coutinho. A esposa do cafeicultor, Laíse, e os filhos do casal estão trabalhando no lançamento de uma marca própria. A ideia é vender o produto para os estabelecimentos da capital.

 

“A ideia é fazer uma linha de cafés gourmet, em parceria com cafeterias da cidade”, conta o produtor.

 

 

Fonte:  Brenda Ortiz, G1 DF – Fotos: Emater/Divulgação – Adaptação, Jr Nobre/JS