Sistema Automático do Elo Animal (Saelo) foi criado por estudantes do SESI SENAI Sobradinho (DF). Dispositivo controla a reposição de comida e água e permite o monitoramento do animal

Professora ao lado de três alunos. À frente deles, há uma mesa com u notebook e um dispositivo para alimentar animais de estimação

Kaique Persch, a orientadora Karla Soares, Victória Resende e Natan Vanique são os integrantes do projeto Saelo

Quem nunca teve que deixar os animais de estimação com algum conhecido ou familiar durante as férias? Isso é muito comum. A estudante Victória Resende, 17 anos, já fez isso diversas vezes. Uma vez, ela e a família viajaram por três dias e deixaram uma Shih-tzu com uma conhecida. Porém, ao chegar de viagem, Victória descobriu que ela não estava se alimentando direito. Com Natan Vanique, 17, a situação foi com a gata. O jovem deixou a felina aos cuidados da avó, mas ela não sabia a quantidade certa de ração e acabou alimentando-a demais.  

Ambas as situações serviram de motivação para que Victória e Natan, estudantes do 3º ano do SESI SENAI Sobradinho (DF), desenvolvessem um dispositivo que pudesse cuidar dos pets a distância. O Sistema Automático do Elo Animal (Saelo) repõe água, comida e monitora os animais de estimação. Mesmo que o dono não esteja presencialmente, o dispositivo é conectado em uma página na internet e, com o microfone, ele pode se comunicar, dar comandos e observar o melhor amigo por uma câmera.

Ilustração em 3D de dispositivo com dispenser de água e ração

Projeto 3D do Saelo

Os jovens também contam com a participação do egresso e mentor Kaique Persch, 18 anos, e a orientação da professora de linguagens Karla Soares. Natan Vanique comenta que a câmera e o microfone auxiliam não só no monitoramento do animal de estimação, mas também em incentivar que ele se alimente ao ouvir a voz do dono.   

“O Saelo consegue calcular o nível de água, informar a quantidade que o pet está ingerindo e quanto de água falta pra abastecer o recipiente. Tem a câmera frontal para realizar a vigilância e um dispositivo de gravação de áudio para realizar o incentivo, porque alguns animais só se alimentam com o incentivo do dono”, explica Natan. 

Além de auxiliar nas necessidades básicas do bicho de estimação, Victória lembra que o projeto também mantém o elo entre o tutor e o pet. “A imunidade do animal pode cair, muitas vezes, por não estar com o dono e estar sob os cuidados de estranhos”, acrescenta. 

Custo diminui com a produção em larga escala 

Para construir o protótipo do Saelo, o trio utilizou diversos itens: microcomputador (Esp8266), módulo de gravação com reprodução de áudio e outro com câmera, dispenser de cereais, sensor de nível de água, galão pequeno, fontes e a estrutura de madeira e acrílico. O primeiro modelo foi criado para animais de pequeno porte e um outro objetivo dos estudantes é desenvolver outros tamanhos diferentes para atender animais de estimação de todos os portes. 

O custo de produção com a matéria-prima foi de R$ 380 mais R$ 1530 com as máquinas necessárias para realizar os cortes na estrutura e as gravações da logo e outros desenhos. Para fazer a base de madeira e acrílico, eles fizeram uma parceria com o SESI Lab e utilizaram uma máquina que está no museu interativo. 

Como o próximo passo é pensar em inserir esse produto no mercado, a produção teria que ser feita em larga escala. Com isso, haveria uma redução no custo do produto que chegaria a R$ 700. Não é fácil encontrar um dispositivo com todas as funções (controle de ração, água, câmera e áudio) no mercado, os que têm contam somente com dispenser para comida e custam entre R$ 699 e R$ 946. 

Para Kaique, lançar o Saelo vai ser a parte mais desafiadora, porque “a gente tem que ter um aplicativo para o consumidor final, ou seja, uma aplicação para a pessoa conseguir acessar de qualquer lugar e essa é a parte que dá mais trabalho”. 

Expandir para grandes escalas 

Em 2024, a ideia de Victória, Natan e Kaique é começar a divulgar o produto em pet shops para iniciar a produção do Saelo. A professora Karla Soares também relata outras estratégias: “o que a gente tenta fazer é apresentar esses projetos em algumas feiras e se inscrever em alguns editais de fomento para conseguir fazer em larga escala”. 

Para ela, o projeto é uma necessidade e se mostra “extremamente viável”, pois sempre que os estudantes apresentam em feiras, por exemplo, as pessoas se interessam e perguntam onde podem comprar.  O Saelo nasceu em uma competição de robótica, mas a equipe acabou não levando o protótipo a frente. Em setembro de 2022, surgiu a oportunidade de participar do hackathon 5G do Brasil, e eles aprimoraram a ideia para participar da competição. Saíram de lá com o primeiro lugar. 

Oito estudantes posando para foto. Ao centro, um deles segura um certificado

Victória Resende e Kaique Persch (à direita) durante premiação do hackathon 5G

Como as pessoas sempre perguntavam sobre o produto, os estudantes criaram a startup Puffle. O nome foi inspirado no baiacu (do inglês, pufferfish). Kaique já cursa Ciências da Computação e Victória e Natan devem ingressar no próximo ano em áreas que também vão complementar o projeto: engenharia de software e jogos digitais. Juntos, eles pretendem expandir, assim como um baiacu, o Saelo e outras ideias da startup no mercado. 

Fonte:Isabela Oliveira/Da Agência de Notícias da Indústria