Não pense que me passou!
Despercebido!
O teu abissal ódio…
Por mim.
***
Não penses que eu não sei…
Do teu profundo ódio,
Que sentes por mim.
***
Existe uma dura verdade.
Neste tempo pós-moderno…
Liquefeito!
Tempo de realidades mutáveis,
De fronteiras não definidas;
***
É a minha negra cultura!
É a minha negra arte;
As minhas cores vivas!
Que ganharam as ruas dissolutas.
Dobraram as esquinas…
Que se mundializaram!
Em nanossegundos,
***
Não penses que eu não sabia!
Pois eu sempre soube…
Da tua profunda aversão,
A minha cultura…
A minha arte!
Ao meu jeito de ser.
O meu modo de vida…
A minha negra dor!
***
Pensas que eu não sei?
Que a tua moral…
O teu senso de justiça…
Condenam-me!
A uma existência vazia.
***
Pensas que não sei!
Que a tua moda me condena…
Marginaliza-me!
***
Tem um quasimodo drone!
Que sobrevoa a mata que arde chamas.
Tem um minuteman!
Que cruza os céus…
Em brancas nuvens,
Cai em terra e incendeia!
A primitiva aldeia.
***
Não penses que eu não sei!
Da tua profunda aversão…
Ao meu modo de ver a vida,
Ao meu jeito de ser,
***
Não penses que não sei!
Do teu profundo ódio,
A minha cultura.
(*) Fonte: Samuel da Costa / Escritor e Poeta