Duas vezes medalhista mundial, marchador brasileiro sonha com o pódio Olímpico e garante que se motiva para todas as competições, incluindo os Jogos Pan-Americanos Santiago 2023. ‘É como se eu estivesse iniciando minha carreira’, ele disse com exclusividade ao Olympics.com, em busca da terceira medalha seguida na competição.
Há oito anos, Caio Bonfim conquistava sua primeira medalha Pan-Americana na marcha atlética, o bronze em Toronto 2015. Ele foi ainda mais longe em Lima 2019, com a prata, além de mais dois bronzes mundiais, o último em 2023, em Budapeste.
Único brasileiro a subir ao pódio no Mundial de Atletismo deste ano, Caio é o líder da delegação brasileira em Santiago 2023.
“Ser medalhista do Campeonato Mundial coroou o trabalho de conseguir um resultado importante para a marcha atlética. A Viviane foi quarta nos 35km, a Gabriela Muniz de 21 anos fez sua melhor marca, o Max Batista também. A gente espera estar no nosso melhor momento ali. Eu vi eles começando, então é legal fazer parte disso de alguma forma”, disse Caio com exclusividade ao Olympics.com, ressaltando seu papel em construir um legado para a modalidade.
Aos 32 anos, depois de tantas temporadas entre os melhores do mundo, qual é o segredo de continuar desempenhando excelência?
“Querer. Às vezes o atleta não quer mais, aí vai desanimando, vai fazendo outras coisas. A idade mudou, mas a vontade de querer treinar e trabalhar, essa paixão pelo processo, aumentou. Você mentalmente vai conseguindo manter uma rotina sólida e um trabalho consistente para continuar evoluindo”, explicou.
“O auge é a próxima temporada e vamos prolongando este auge, não sei até quando. Mas a vontade ter que ser a mesma ou maior. A palavra-chave é vontade de querer estar entre os melhores e ser o seu próprio melhor”, acrescentou.
Caio Bonfim comemora bronze na marcha atlética de 20km durante o Campeonato Mundial de Atletismo Budapeste 2023. Foto: Wagner Carmo/CBAt(Wagner Carmo/CBAt)
Caio Bonfim: ‘Se quero um resultado diferente, tenho que fazer coisas diferentes’
Um grande sonho que mantém Caio querendo cada vez mais é o pódio Olímpico, que ele tentará novamente em Paris 2024.
“Estou indo para a minha quarta Olimpíada. Não é brincadeira. Se errar, só daqui a quatro anos… ou não. Quando passei a linha de chegada na Rio 2016 em quarto, essa era minha pergunta. Vou ter outra chance? Fiquei a cinco segundos da medalha”, lembrou.
“Essa medalha [bronze no Mundial de Budapeste] me dá uma confiança para chegar bem lá, trabalhar como nunca trabalhei. Se quero um resultado diferente, tem que fazer coisas diferentes. E na Olimpíada, aí é o dia da Olimpíada.”
Em uma disciplina desgastante como a marcha atlética, em que os atletas competem de 20km a 25km, Caio acredita que o melhor descanso é competir mais.
“Qualquer prova, eu estou motivado. Participo do Campeonato Estadual lá em Brasília e do Troféu Brasil desde 2009. Estou representando o meu país. Tenho que pensar como se fosse meu primeiro ano de atleta. Qual seria meu sonho em um ano de Pan-Americano? Estar lá. É como se eu estivesse iniciando minha carreira. A emoção do primeiro Pan está dentro de mim”, garantiu.
Caio Bonfim: ‘Esses resultados são porque me tornei pai’
Enquanto falava sobre suas metas, seus filhos Miguel, 4 anos, e Théo, 2, ‘invadiram’ a entrevista para estarem juntos a Caio. O marchador aproveitou para contar como a paternidade o ajudou a cuidar mais da saúde.
“Quando nasce um filho, nasce um pai. Pode ter certeza de que esses resultados são porque me tornei pai. A diferença da primeira medalha para a segunda é essa. O Miguel fez eu me alimentar bem, porque ele tem alergia à proteína do leite, então precisa comer certinho. Eu vi ele falando e brinquei ‘como vou ser medalhista Olímpico não tendo uma boa alimentação perto dele?’”, afirmou.
“O Théo me ensinou a dormir melhor, porque ele dorme muito cedo. E se eu não dormisse junto, perigava não dormir. O atleta é fogo, relaciona tudo à performance. Meus filhos me ajudaram e minha esposa, Juliana, que me dá todo apoio. Eu viajo 180 dias por anos, então ela cuida dos meninos por seis meses.”
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Fonte:Sheila Vieira– olympics.com