Planta endêmica do DF é ameaçada pela expansão das cidades. Especialista em botânica explica porque espécie só fincou raízes na capital do país.
Com cores arroxeadas e aspecto ornamental, há uma flor que só existe em Brasília. Só pelo nome, já dá pra saber que a espécie é exclusiva: Lobelia brasiliensis . Mas por causa da expansão das cidades, a planta está ameaçada de extinção.
A professora Lúcia Helena Soares e Silva, do Departamento de Botânica da Universidade de Brasília (UnB), explica que o fato da planta ser endêmica faz com que o risco de deixar de existir seja ainda mais acentuado.
“No caso de Lobelia, nenhuma população dela encontra-se preservada, protegida em unidade conservatória. Outra coisa é a alteração dos ambientes de ocorrência da espécie. A corrida imobiliária acaba destruindo esses ambientes e isso pode levar à extinção”, diz a especialista.
Um plano de nove etapas do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) está em andamento para tentar salvar a flor e deve ser lançado em breve. A Lobelia brasiliensis pode ser encontrada em áreas úmidas, de veredas, como no Ribeirão Sobradinho.
Conheça a planta ornamental que só existe no DF
Segundo a professora Lúcia Helena, há uma teoria de que uma população de plantas na região do Cerrado, no processo de evolução, deu origem a um novo grupo de plantas que se isolou reprodutivamente em condições diferentes. Tal fato teria feito nascer a Lobelia brasiliensis.
“Esse grupo se separou da ‘população mãe’ e determinada situação, como um alagamento por exemplo. Esse grupo se adaptou a esse local úmido. O processo é conhecido como especiação, e dá origem ao processo de endemismo”, explica.
De acordo com a especialista, além da Lobelia Brasiliensis, existem pouco mais de 30 espécies ou variedades que são endêmicas do Distrito Federal, e elas pertencem a diferentes famílias botânicas.
“São plantas com flores, há também duas espécies de algas que ocorrem apenas no DF, e isso valoriza bastante a nossa flora”, diz a professora.
Ações
A flor Lobelia brasiliensis sendo visitada por um beija-flor, em imagem de arquivo — Foto: Divulgação/Ibram
O plano do Ibram para salvar a Lobelia Brasiliensis começou em março de 2023 e foi elaborado para três anos, com monitoramento após esse período.
- 🪻 A primeira ação foi a reunião entre técnicos, a empresa executora e o Brasília Ambiental. Depois, foi elaborado o levantamento de informações bibliográficas disponíveis na literatura sobre a reprodução e propagação da espécie;
- 🪻 Na sequência, além da produção de viveiros com mudas, buscaram-se o fomento e a formação de parcerias institucionais, como a firmada com a Universidade de Brasília (UnB) e a Embrapa;
- 🪻 A quarta ação foi o levantamento de campo, seguida pela determinação das áreas prioritárias à conservação da espécie;
- 🪻 A próxima ação prevê a integração do plano de conservação com as ações do “Programa de Resgate e Monitoramento de Flora do Plano de Controle Ambiental Urbitá”;
- 🪻 A sétima ação é a integração com as ações correlatas às atividades de recuperação de áreas degradadas e paisagismo. Na sequência, será feita a integração com as ações do Programa de Educação Ambiental;
- 🪻 A ação final será a elaboração de relatórios de acompanhamento anuais.
Fonte: Bruna Yamaguti, g1 DF