Procedimento faz parte de um projeto para a oferta regular desse serviço
“É um sonho que se tornou realidade”, conta emocionada Damila Marques, 28 anos, sobre a cirurgia bariátrica que realizou na rede pública de saúde, após quatro anos de espera. O diferencial do seu caso é que ela se tornou a primeira paciente a passar por esse procedimento no Hospital Regional de Sobradinho (HRS). Até o momento, apenas o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) faz este tipo de operação na rede pública de saúde.
Damila aguardava por uma oportunidade no Hran. Contudo, há seis meses foi informada sobre a possibilidade de fazer no HRS. A chance era pequena, pois além do procedimento ser inédito no hospital, a prioridade cirúrgica da unidade é para pacientes com câncer. Mas, como ela já tinha passado por todos os exames pré-operatórios e faltava somente a cirurgia, assim que surgiu uma vaga, não pensou duas vezes.
“Depois de seis meses nesse processo no HRS, foi justamente quando disse que a cirurgia estava nas mãos de Deus que me ligaram. No dia seguinte, fiz a bariátrica. Posso dizer que foi 100%. Os profissionais são excelentes, o atendimento e o cuidado, também”, elogiou a paciente que se recupera bem e aguarda pela alta.
PLANEJAMENTO – Segundo a gerente de Assistência Cirúrgica do HRS, Talita Bringel, a intervenção inédita foi o início de um processo para estruturar o serviço bariátrico no HRS. “Foi ótimo e providencial. Temos também cirurgiões residentes, que podem aprender com essa experiência. Todos saem beneficiados”, ponderou Bringel.
A ideia de montar um serviço bariátrico no hospital já era algo pensando pelos profissionais, informou a gerente. Agora a gestão local fará estudos e planejamentos para viabilizar a oferta desse serviço a toda a população.
PROJETO – Depois do sucesso da cirurgia, a equipe de saúde que liderou a iniciativa pretende formalizar um projeto, junto à Secretaria de Saúde, para viabilizar a oferta desse serviço a toda a população.
“Pretendemos criar um projeto com nossas equipes de endocrinologia, nutrição, psicologia e cirurgia para oferecer à Superintendência da Região de Saúde Norte e à Secretaria de Saúde, como uma tentativa de expandir os cuidados que esses pacientes precisam ter. No futuro, esperamos ser mais uma opção na rede”, afirmou o cirurgião do aparelho digestivo Alexandre Chartuni, responsável pelo procedimento em Damila.
Direcionar recursos, pessoal e conhecimento para a iniciativa também são pontos lembrados pelo cirurgião. “Se quisermos mesmo que vire uma rotina, é preciso não só recursos financeiros para material e pessoal, como definições no cronograma das cirurgias, do uso do centro cirúrgico. Tudo isso precisa ser avaliado no projeto”, destacou o especialista.
A gerente de Assistência Cirúrgica lembrou que os pacientes também são acompanhados no pós-operatório, o que mostra a importância do projeto ser bem estruturado antes de ser enviado à Secretaria de Saúde. “Também é necessária uma capacitação, no sentido de toda a equipe multiprofissional se tornar especializada nesse tipo de procedimento. Isso também deve ser previsto no projeto”, completou Bringel.
Por Leandro Cipriano, da Agência Saúde – Fotos: Breno Esaki/Saúde-DF