‘TODO PROJETO REALIZADO PELO DER É PENSADO COM UMA CICLOVIA DO LADO’
Fauzi Nacfur fala da importância da mobilidade sustentável e garante que a rota Plano Piloto/Planaltina vai passar de 3 horas atuais para 40 minutos
O Governo do Distrito Federal (GDF) está a um passo de concluir as obras do Complexo Viário Joaquim Roriz, na Saída Norte da capital. Um conjunto grandioso de mudanças no trânsito que soma a Ligação Torto-Colorado e o Trevo de Triagem Norte (TTN). Após quase dois anos de trabalho, falta somente a finalização do Viaduto do Torto. E que será liberado até o final de fevereiro, assegura o diretor-geral do DER-DF, Fauzi Nacfur Jr.
Mas, para fechar com chave de ouro, Fauzi revela que o próximo passo é estender as melhorias até Planaltina. E, proporcionar aos moradores da parte Norte da capital e a quem por ali transita, uma nova realidade. “O brasiliense vai gastar 40 minutos no trajeto entre o Plano Piloto e Planaltina. Será uma grande evolução, para quem hoje gasta cerca de 2 ou 3 horas nos horários de pico”, aponta Fauzi.
Na entrevista a seguir, o diretor do DER-DF fala do uso da pavimentação em concreto como alternativa para mudar de vez algumas pistas do Distrito Federal. E da construção de uma série de ciclovias que vão facilitar a vida das pessoas e desafogar o tráfego. O Departamento já entregou 39 obras de 2019 para cá. E tem outras cinco em andamento.
Confira abaixo a entrevista:
O GDF tem projetado o uso de concreto em algumas rodovias. Qual o diferencial que esse material tem e em quais pistas ele será usado?
O que basicamente diferencia o concreto do asfalto é a vida útil. O pavimento de concreto é mais durável, resistente e tem um tempo de vida de 20 anos. O asfalto é bom, mas tem a metade da vida útil.
A pavimentação rígida de concreto é indicada para onde há um trânsito de veículo mais pesado, como por exemplo um corredor exclusivo de ônibus – o do BRT. Há um vai e vem intenso de ônibus por ali.
Temos três projetos saindo do forno: vias de concreto no Pistão Sul [em fase de conclusão de projeto]. E também na Epig [Estrada Parque Indústria Gráfica], que vai integrar parte do Corredor Eixo Oeste do BRT e está sendo tocado pela Secretaria de Obras.
Além da Estrutural [Estrada Parque Ceilândia – EPCL], em que estamos com a licitação na praça. Lá, serão três faixas indo e três voltando, todas em concreto. Uma extensão de cerca de 12 quilômetros do Plano Piloto até Taguatinga. Usar esse tipo de material significa menos manutenção, o que é uma economia para os cofres públicos. E menos contratempo para os motoristas.
E as obras na Saída Norte do Distrito Federal?
A construção do Complexo envolveu duas grandiosas obras: o Trevo de Triagem Norte [TTN] e a Ligação Torto-Colorado. Ela começou lá atrás, no final de 2014, mas teve poucos avanços na gestão passada.
O governador Ibaneis Rocha assumiu e colocou a conclusão do complexo viário como prioridade. Uma obra diferenciada com um investimento de R$ 200 milhões. E que gerou cerca de 400 empregos, entre diretos e indiretos. Portanto, gastamos os anos de 2019 e 2020 para chegar ao final destas reformas. Engloba viadutos, as vias paralelas à Ponte do Bragueto, vias marginais do Torto-Colorado, entre outras.
Chegamos então ao viaduto do Torto, que representa a última etapa da ligação Torto-Colorado. Essa construção já passou de mais de 95% de conclusão, estamos na fase de encabeçamento da rodovia. Tinha previsão de concluir isso até o final de 2020, só que temos que ser realistas e saber que as chuvas atrapalham o processo.
É importante lembrar que a Saída Norte era refém de um único acesso na Epia Norte [Estrada Parque Indústria e Abastecimento]. Um acidente, um ônibus ou caminhão enguiçado simplesmente parava a rodovia. As pessoas gastavam até 3 horas pra chegar em casa. Hoje, os motoristas estão saindo do centro de Brasília e chegando em Sobradinho em cerca de 20 minutos.
E a chegada até Planaltina? Há alguma expectativa de melhorar o trânsito até a cidade?
Sim, claro. O governo está atento a isso. O governador já solicitou ao DER-DF um projeto para o alargamento de mais uma faixa entre Sobradinho e Planaltina. Hoje, as pessoas estão chegando rapidamente em Sobradinho em função das obras que fizemos. E, daí, mais pra frente o trânsito estrangula na BR-020 com uma pista de cada lado, com apenas duas faixas.
Dentro de um futuro bem próximo, posso garantir: o brasiliense vai gastar – no horário de pico – 40 minutos no trajeto entre o Plano Piloto e Planaltina. Será uma grande evolução, para quem hoje gasta cerca de 2 ou 3 horas.
O projeto já está sendo executado pelo nosso departamento. E há ainda a previsão do BRT Norte, que também vai passar por ali no futuro. Até março, terminamos a proposta de ampliação da rodovia para depois partir para a licitação.
A nova ciclovia do Trevo de Triagem Norte [TTN] foi apontada como insegura na mídia. O que o DER-DF tem a dizer?
Todo o projeto cicloviário do TTN foi discutido entre órgãos públicos como o próprio DER-DF, a Secretaria de Mobilidade e o Detran. Além de ONGs da área do ciclismo, como o Rodas da Paz e outras. Foi buscada toda uma convergência para a execução do projeto.
Em um complexo viário como o TTN que leva à Saída Norte, dá acesso à L4 Norte, ao Lago Norte, à W4 Norte, além do Eixão e dos eixinhos, necessariamente vão ter pontos de travessias de pedestres e bicicletas. Foi aí que veio a essa história da falta de segurança.
Estamos trabalhando em cima disso. Todas as travessias estão sendo sinalizadas como manda o Código de Trânsito Brasileiro [CTB] e vamos implementar semáforos com abotoeiras para que o pedestre, o ciclista, possa atravessar com toda a segurança.
Além disso, os órgãos estão fazendo estudos para sabermos onde é possível fazer a redução de velocidade no local. Serão instalados radares e outros redutores de velocidade nas pistas.
A construção de ciclovias e a mobilidade sustentável já são uma realidade no DF?
Todo projeto realizado hoje em dia pelo DER-DF é pensado com uma ciclovia do lado. É a chamada mobilidade urbana sustentável. No mundo de hoje, temos cada vez mais motoristas. Uma enormidade de veículos. Brasília tem 1,8 milhão de automóveis e foi projetada para 500 mil.
Então, as ciclovias são uma alternativa fundamental. Lembro aqui que o Distrito Federal hoje tem a maior malha cicloviária do Brasil. Passamos São Paulo recentemente.
O DER-DF construiu diversas ciclovias importantes de 2019 para cá. Destaco a da ligação Santa Maria-Gama, outra na ligação Ceilândia-Samambaia , que vai do campus da Universidade de Brasília [UnB] até a cidade de Samambaia. O morador tem condição de pegar uma bicicleta com segurança e descer na UnB. E vamos ampliar cada vez mais.
A mobilidade sustentável passa ainda por alternativas de transporte eficientes. É ter um metrô na porta de casa, um ônibus na sua esquina. Na prática, é tirar os veículos das vias e dar fluidez ao trânsito.
O senhor falou em diversas obras de grande porte. O órgão também trabalha em reformas pequenas?
O DER-DF tem feito obras das mais diversas até o momento. Destaco um estacionamento enorme dentro do Hran, que teve uma utilidade grande na pandemia e era uma necessidade antiga do hospital.
Um retorno que você abre ou um que você fecha já dá uma melhoria enorme no fluxo. Inversões, faixas reversas. Fizemos agora o prolongamento da pista de inversão da Estrutural até o Setor “O” da Ceilândia, o que melhorou muito a vida das pessoas.
Saímos da rigidez de que o órgão rodoviário só faz estrada, rodovia pra poder atender a vários leques. Pequenas intervenções que fazem toda a diferença na vida do brasiliense. Com o apoio da Novacap, das Administrações Regionais que apontam as necessidades.
Além disso, as obras nas áreas rurais também. São pontes de madeira, pontes de concreto em áreas onde não dava mais passagem, como na comunidade Córrego do Ouro, na Fercal.
Cito ainda pontes de acesso às cidades. Entre elas, a que leva até Águas Claras/Arniqueira e é uma área de constantes alagamentos. Fica bem próxima ao viaduto Israel Pinheiro, na Estrada Parque Taguatinga [EPTG]. E a outra na marginal da Estrutural [DF-095], sobre o Córrego Vicente Pires, que caminha para o final.
O que esperar para 2021?
Temos muita coisa para levar a diante. [Sobre] a duplicação da DF–140, já publicamos o edital em julho e é obra pra 2021 [trecho de 15 quilômetros que liga o Jardim Botânico à divisa do estado de Goiás].
Sem falar na série de viadutos que vamos construir. O do Recanto das Emas é o que está mais adiantado com o processo de licitação na praça. O viaduto em Sobradinho, que vai ficar na “saída do Comper” ou do estádio como fala a população. Teremos o viaduto da Esaf [Escola de Administração Fazendária, no Lago Sul].
E outro ali no Riacho Fundo I, que dá acesso a ADE de Águas Claras. Uma rodovia que é saída para Goiânia, onde há um imenso balão e um “estrangulamento” do trânsito.
Posso garantir que estamos trabalhando duro e de olho nas necessidades do povo do Distrito Federal.
Por Rafael Secunho , da Agência Brasília, Edição: Mônica Pedroso