Eleita pelo partido Agir 36 para seu primeiro mandato na Câmara Legislativa do Distrito Federal, a delegada da PCDF, Jane Klébia é uma brasiliense, filha de um casal baiano e, será a grande novidade feminina neste mandato de 2023 a 2026, por sua característica de mulher forte e defensora dos mais humildes.
Assim que sua família chegou no Planalto Central, foi se alojar em Sobradinho, 1960. Uma infância permeada por muitas dificuldades financeiras, num barraco sem asfalto, mas com um norte traçado por sua mãe: a educação. Aliás, sua mãe foi o grande exemplo que seguiu por toda sua vida, por sua garra e persistência em lutar. De fala calma, até mansa, com um olhar penetrante que amedronta qualquer bandido, Jane Klébia fez história na área criminal no DF. É uma história de superação e resiliência, digna de uma mulher baiana, negra e que superou as dificuldades ao longo do tempo.
É uma história de esforço e dedicação. E que além do mandato de distrital na terra que escolheu para morar, tem dois filhos formados: um delegado, que seguiu a carreira da mãe e outro jornalista. Seus 5 netos são a sua grande alegria e reserva a hora de se conectar com o maravilhoso dom da maternidade e sua essência. “Fácil nunca foi, mas é sempre possível”, afirma a delegada. Ela espera que sua trajetória de meritocracia seja exemplo para muitos brasilienses.
Após sua eleição tem uma agenda apertada, e, mesmo sem gabinete e local adequado para despachar atende a todos com muita paciência. Outro fator que nos chama a atenção foram as comemorações do Dia da Criança, 12 de outubro. Um evento tão próximo das eleições, onde os eleitos correm para descansar, lá estava ela entregando brinquedos para a criançada, dando um alento para o imaginário da infância tão prejudicada por falta de tantos olhares atentos. Jane Klébia demonstrou que não veio só para ganhar as eleições, e sim permanecer nos corações das famílias. Uma menina que ganha uma boneca de uma delegada, certamente a verá como um bom exemplo a ser seguido. Ah, e seu programa semanal, Casa e Cozinha, transmitido quase artesanalmente pelo Facebook e Instagram, dá dicas de culinárias com pratos simples e práticos. Ao mesmo tempo que cozinha, entra na casa das famílias com muita vontade de despertar o melhor em cada um, relatando suas aventuras como delegada-chefe, onde vai até os outros estados buscar os criminosos.
Trajetória
Os mais abastados de Brasília e que nunca precisaram entrar numa delegacia, talvez pensem como ela chegou lá, numa corrida de mais de 500 candidatos a 24 vagas. Os mais humildes, que são a maioria dos brasilienses, a veneram. Pela sua atuação em defesa da mulher, da criança, dos adolescentes, dos pobres entre tantos que precisam e sempre mereceram sua atenção. Começou a trabalhar aos 18 anos como enfermeira no Hospital de Sobradinho, foi ser colega de sua mãe. Trabalhava em dois empregos. Em paralelo, se casou para formar sua família.” Me bacharelei em Geografia, foram 10 anos na Secretaria de Educação”, diz orgulhosa. Deu um salto na carreira ao participar de um concurso na PCDF como agente de polícia. Ao cursar Direito pôde concorrer a um cargo de delegada.
Aspirações
“Eu quero estar na CLDF para criar políticas públicas boas, projetos voltados para os mais carentes, para inspirar outras mulheres a procurar e encontrar seu lugar no mundo. Poder representa-las nos espaços públicos. ‘Doutora, você realmente me representa’, eu ouvia muito isto durante a campanha. E para mim é uma honra poder, através do meu exemplo de vida, que ser negro e pobre não impede ninguém de lutar e chegar lá”, desafia a distrital eleita.
“Meus eleitores estão espalhados em todo o Distrito Federal. Tenho uma rede social forte, aproximadamente de 80 mil pessoas entre Facebook e Instagram. Usei as redes sociais para me comunicar e me aproximei das pessoas. Meu eleitor se identifica com meu trabalho e com a defesa da mulher, pois realizei muitas prisões de abusadores, estupradores e assassino de mulheres com mortes violentas. Faço muitas palestras sobre a defesa da mulher. Tem o voto dos moradores do Paranoá e do Itapuã e Paranoá Park, lá foram quase11 mil votos, eles que conheceram meu trabalho de perto, me deram o seu voto de confiança para representá-los. Sem contar os de Sobradinho, 3 mil, lugar em que eu moro. Quero fazer muito pela Serrana, por Ceilândia, Planaltina e Estrutural. Vou honrar, nos próximos quatro anos, a todos com os votos que a mim confiaram para que eu chegasse até aqui”
Entre as situações de casos difíceis que enfrentei, durante minha atuação como delegada e que me deu grande projeção, posso citar o estupro de uma criança de nove meses, cujo autor era o próprio pai. O caso de homicídio triplo no Paranoá entre as mortas estava uma menina, 14 anos, grávida. As pessoas querem ver os algozes pagarem pelo que fizeram. Chocou uma cidade inteira. Outro caso marcante foi do Marinésio, assassino e estuprador, que era casado por 18 anos sem que sua esposa suspeitasse das suas ilicitudes. O que demonstra o quanto podemos ser enganados, literalmente dormindo com o inimigo, relata Jane Klébia.
A pressão diária
“Eu lido muito bem com as pressões. Administrar uma delegacia com 60 agentes não é fácil. Eu tomo sempre decisões como gestora. Existem pressões da comunidade, da imprensa, as pessoas que se propõem a ser chefe tem que saber que as pressões hão de existir. E tomar decisões é necessário para o bom andamento dos trabalhos”, afirma a hoje distrital eleita.
Mandato participativo
“Dentre minhas propostas quero trabalhar pela comunidade, que pode ser através de aplicação de emendas parlamentares e fomentar as ações comunitárias e esportivas que já existem. Não precisamos inventar a roda. Conheço muitas pessoas que trabalham socialmente pela arte, esporte e cultura. Brasília tem muita gente boa fazendo trabalhos voluntários. Precisamos fazer um acompanhamento destes trabalhos comunitários, unificar e identificar estas pessoas. Trazer projetos de defesa da mulher e abrir os espaços públicos para serem ocupados. A população é ávida por esporte, lazer e cultura à noite e os equipamentos fechados”, explica a delegada.
“Quero ser diplomada em janeiro de 2023 e transformar toda esta experiência que tive de gestão em vários cargos como professora, enfermeira, administradora regional e delegada em boas políticas públicas em prol da população. Quero priorizar as políticas da juventude e adolescência, onde já aprendi como deve ser feito, a gestão das cidades também é importante. Enfim, devolver a elas o que elas esperam de mim. Pedir a Deus saúde para mais esta caminhada”, enfatiza.
“Eu amo Sobradinho. Aqui me criei, criei meus filhos, aqui estou criando meus netos, conheço sua história. Compartilho com os moradores da Região Norte o orgulho de ser desta cidade. Meu gabinete terá portas abertas para a comunidade de Sobradinho e Região, como Planaltina. Agradecer pelos votos que aqui obtive. Saúde, Segurança e Educação são as áreas mais críticas que devemos priorizar para o resgate da criminalidade e da moralidade dos serviços públicos”, enfatizou.
“Agradeço a oportunidade de poder me comunicar com as pessoas através de seu veículo de comunicação, que faz um trabalho muito importante para nossa cidade”, finaliza.
Por Junior Nobre/ Jornal de Sobradinho & Blog do Emícles – Edição: Zuleica Lopes – Fotos: Divulgação